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Saúde: Casos de dengue no Brasil cresceram em 2023 

Saúde: Casos de dengue no Brasil cresceram em 2023 

08/12/2023 às 15h39 Atualizada em 08/12/2023 às 18h39
Por: Redação
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Foto: Reprodução
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Informações divulgadas pelo Ministério da Saúde nesta sexta-feira (8) apontam que os casos prováveis de dengue no Brasil aumentaram em 17,5% em 2023 em comparação com o ano anterior. As ocorrências passaram de 1,3 milhão em 2022 para 1,6 milhão este ano. A taxa de letalidade manteve-se em 0,07% nos dois anos, totalizando 1.053 mortes confirmadas em 2023 e 999 em 2022.

O ministério destacou que fatores como variações climáticas, aumento das chuvas, o número de pessoas suscetíveis às doenças e a mudança na circulação do sorotipo do vírus podem ter contribuído para esse crescimento. Os estados mais afetados pela incidência de dengue são Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Goiás.

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Chikungunya

Até dezembro de 2023, foram registrados 145,3 mil casos de chikungunya no Brasil, resultando em uma taxa de incidência de 71,6 casos por 100 mil habitantes. Em comparação com o mesmo período de 2022, quando foram notificados 264,3 mil casos (com uma taxa de 123,9 casos por 100 mil habitantes), houve uma redução significativa de 42,2%. Durante este ano, também foram confirmados 100 óbitos decorrentes da doença, com as maiores incidências sendo observadas nos estados de Minas Gerais, Tocantins e Espírito Santo.

Zika

Os dados referentes à zika foram compilados pelo Ministério da Saúde até o final de abril de 2023. Durante este período, foram notificados 7,2 mil casos da doença, resultando em uma taxa de incidência de 3,6 casos por 100 mil habitantes. Esse número representa um aumento significativo de 289% em comparação ao mesmo período de 2022, quando foram registradas 1,6 mil ocorrências da doença. Até o momento, há um óbito relacionado à zika em fase de investigação.

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Criadouros

Os resultados do Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) e do Levantamento de Índice Amostral (LIA) apontam que, em 2023, a maioria dos criadouros do mosquito da dengue, cerca de 74,8%, está localizada em domicílios, como vasos e pratos de plantas, garrafas retornáveis, pingadeiras, recipientes de degelo em geladeiras, bebedouros em geral, pequenas fontes ornamentais e materiais em depósitos de construção (sanitários estocados, canos).

Além disso, os dados revelam que os depósitos de armazenamento de água elevados (caixas d’água, tambores, depósitos de alvenaria) e no nível do solo (tonel, tambor, barril, cisternas, poço, cacimba, cisterna) constituem o segundo maior foco de procriação dos mosquitos, representando 22%. Os depósitos de pneus e lixo contribuem com 3,2%.

A pesquisa é conduzida por meio da amostragem de imóveis e criadouros com água positivos para larvas de Aedes aegypti no âmbito municipal. Os estados consolidam os dados dos municípios e os enviam ao ministério.

Mudanças climáticas

Em comunicado, o Ministério da Saúde ressalta que a previsão de aumento de casos de dengue no próximo verão no Brasil é atribuída a fatores como a conjugação de calor intenso e chuvas abundantes, além dos possíveis efeitos do fenômeno El Niño, conforme indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Outro agravante é o recente ressurgimento dos sorotipos 3 e 4 do vírus no país.

Diante das mudanças climáticas, com altas temperaturas e períodos chuvosos, espera-se um aumento no número de criadouros. Por esse motivo, é crucial o engajamento da sociedade na eliminação dos focos de reprodução do mosquito, evitando o acúmulo de água parada. Medidas simples podem ser incorporadas à rotina, e o Ministério da Saúde sugere que a população realize inspeções em casa pelo menos uma vez por semana.

Para garantir a proteção contra o mosquito vetor das arboviroses, o Ministério da Saúde distribui um biolarvicida aos estados e municípios, de acordo com a situação epidemiológica local e a demanda. Esse produto representa uma alternativa eficaz no controle das larvas dos mosquitos, com baixo impacto ambiental.

Controle

Em comunicado adicional, o Ministério destaca sua vigilância contínua e alerta constante sobre o cenário das arboviroses no Brasil. Como parte das iniciativas para enfrentar essas doenças, a pasta anuncia um aporte de R$ 256 milhões para o fortalecimento da vigilância das arboviroses. "É hora de intensificar os esforços e adotar medidas preventivas para reduzir a transmissão dessas doenças."

"A fim de evitar agravamentos nos casos, a população deve procurar o serviço de saúde mais próximo ao apresentar os primeiros sintomas. Em 2023, aproximadamente 11,7 mil profissionais de saúde foram capacitados para o manejo clínico, vigilância e controle de arboviroses."

Do montante total do investimento, R$ 111,5 milhões serão disponibilizados até o final deste ano, em parcela única, para fortalecer as ações de vigilância e contenção do Aedes aegypti - sendo R$ 39,5 milhões destinados aos estados e ao Distrito Federal, e R$ 72 milhões aos municípios. Adicionalmente, haverá um repasse de R$ 144,4 milhões para impulsionar ações de vigilância em saúde em todo o país.

Vacina

A Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) encontra-se atualmente em processo de análise para a incorporação da vacina Qdenga ao Sistema Único de Saúde (SUS). Na última quinta-feira (7), o Ministério da Saúde iniciou uma consulta pública sobre o tema. Diante do cenário epidemiológico, a comissão já emitiu uma recomendação para a incorporação do imunizante, inicialmente, em localidades e para públicos prioritários a serem definidos pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).

A determinação dos grupos e das localidades deve levar em consideração as regiões com maior incidência e transmissão da dengue, bem como as faixas etárias com maior risco de agravamento da doença. A restrição de público, conforme ressaltado pelo ministério, também considera a capacidade de fornecimento das doses por parte do fabricante.

Todas as recomendações de incorporação de medicamentos e insumos pela Conitec passam por um período de consulta pública de 20 dias. No entanto, o ministério destaca que, devido à projeção epidemiológica para o próximo verão, com a possível elevação dos casos de dengue, a consulta permanecerá aberta por um prazo de dez dias.

Método Wolbachia

O governo federal divulgou a expansão do método Wolbachia, uma abordagem que envolve a liberação de Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia, a qual inibe a transmissão de doenças. A ideia por trás dessa estratégia é permitir que esses mosquitos se reproduzam com outros Aedes aegypti locais, contribuindo para a formação de uma nova população de insetos, todos portadores da bactéria e, portanto, incapazes de transmitir doenças.

Atualmente, a aplicação do método Wolbachia está sendo expandida para cidades como Natal, Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP), Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR) e Joinville (SC). Essa abordagem já está em uso em locais como Campo Grande (MS), Petrolina (PE), Belo Horizonte (MG), Niterói (RJ) e no Rio de Janeiro.

Análise

Em uma coletiva de imprensa, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, ressaltou a importância de ações coordenadas no combate às arboviroses, juntamente com esforços de esclarecimento à população e acompanhamento epidemiológico e científico dessas doenças.

"Nesta semana, retornei da COP28 [Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas], onde pela primeira vez tivemos um evento dedicado à saúde na programação oficial."

"Ao considerar as mudanças climáticas e o processo de aquecimento, reconhecemos um impacto geral na saúde, especialmente nos grupos mais vulneráveis. As arboviroses, em particular, enfrentam um impacto acentuado", afirmou, descrevendo o cenário como desafiador.

"Este desafio está inserido no contexto das doenças com determinantes ambientais e sociais, pois afetam significativamente os grupos mais vulneráveis. É aí que observamos o impacto mais expressivo, não apenas devido à circulação do vírus e à transmissão pelo Aedes aegypti, mas também pela necessidade de cuidados clínicos específicos."

Nísia destacou que o país já dispõe de conhecimento científico validado para oferecer uma proteção mais eficaz à população.

"Neste momento, estamos alinhando diversas ações com estados e municípios. Assim como em todas as iniciativas do SUS, essas ações não podem ser implementadas apenas no gabinete. Entre as medidas, destaco o reforço da vigilância e o controle de vetores. Para isso, contamos com vários recursos no SUS e estamos alocando R$ 256 milhões."

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