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PMEs geram renda de 420 bilhões de reais por ano, mas quais os desafios destas empresas?

PMEs geram renda de 420 bilhões de reais por ano, mas quais os desafios destas empresas?

21/12/2022 às 14h08 Atualizada em 21/12/2022 às 17h08
Por: Redação
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Designed by Kostenlose Nutzung / Pexels
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As pequenas e médias empresas (PMEs) formam um pilar essencial para a economia brasileira. De acordo com o Atlas dos Pequenos Negócios, produzido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), juntas, as PMEs movimentam cerca de R$ 420 bilhões por ano. Isso equivale a cerca de um terço do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Outro dado importante revelado pelo Sebrae está relacionado à renda das micro e pequenas empresas. Ao todo, elas geram cerca de R$ 23 bilhões por mês e movimentam quase R$ 280 bilhões por ano.

Esses números mostram que, apesar dos desafios diários enfrentados por milhares de empreendedores e microempreendedores brasileiros, muitos têm conseguido superar essas dificuldades. Por outro lado, a pesquisa Causa Mortis, também realizada pelo Sebrae, aponta que a falta de planejamento prévio, problemas de gestão e falhas no comportamento do gestor são as principais causas para o fechamento de empresas no país.

Para não entrar nessas estatísticas, os empreendedores, especialmente aqueles responsáveis por micro, pequenas e médias empresas abertas há pelo menos  cinco anos, precisam entender quais são os desafios de gerenciar seu negócio e como superar cada um deles.

Qual a importância das PMEs na economia?

A geração de emprego e renda é o principal fator de impacto das PMEs na economia brasileira. Isso se deve, em parte, pela própria definição dessas pequenas e médias empresas. 

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as PMEs podem ser classificadas em função do número de funcionários. Nas indústrias, as micro e pequenas empresas podem ter até 99 funcionários, enquanto as médias têm entre 100 e 499 colaboradores. 

Porém, quando as PMEs fazem parte do setor de comércio e varejo, esses parâmetros são diferentes. Nesse caso, as micro e pequenas empresas podem ter até 49 funcionários, enquanto as médias mantêm entre 50 e 99 profissionais empregados. 

Segundo o relatório elaborado pela PwC, das quase 6 milhões de empresas registradas no país, cerca de 500 mil apresentam essas características e são responsáveis por empregar quase 16 milhões de pessoas no país.

Em função disso, as PMEs são atualmente responsáveis por produzir 30% do PIB do país. Porém, para o Sebrae, essa participação pode aumentar para 40% caso o país cresça ao menos 3% ao ano. Dessa forma, o Brasil poderia se aproximar das taxas registradas nos países desenvolvidos, nos quais a participação dos PMEs no PIB varia entre 40% e 50%.

O Brasil é um país empreendedor

De acordo com dados da Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), relativa ao “Ciclo 2021”, cerca de 30,4% dos brasileiros entre 18 e 64 anos estão envolvidos com alguma atividade empreendedora. 

Graças a esse número, hoje o Brasil ocupa a 5ª posição entre os 50 países que mais empreendem no mundo. Essa colocação reflete o crescimento do interesse da população em começar e investir no seu próprio negócio. Para se ter uma ideia, em 2002, essa taxa era de apenas 20,9%. 

De acordo com o Sebrae, esse crescimento também reflete, em parte, a melhora do ambiente jurídico para o empreendedorismo. Programas como o Simples Nacional, a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas (MPEs) e a criação do MEI (microempreendedor individual) foram algumas das políticas que impulsionaram o comportamento empreendedor. 

Apesar disso, os dados também mostram que as MPEs e PMEs brasileiras são sensíveis às mudanças políticas e econômicas que afetam o país. Entre 2015 e 2019, por exemplo, a taxa total de empreendedorismo variou entre 36% e 39%, mas sofreu uma queda em 2020 e 2021 em função da pandemia. 

De acordo com o Ministério da Economia, porém, mais de 4 milhões de empresas foram abertas no país apenas em 2021. Esse número representa um aumento de 20% em relação a 2020, que coincide com o início da pandemia. 

No entanto, esses números poderiam ser ainda melhores caso os empreendedores brasileiros não enfrentassem tantos desafios para gerenciar seus negócios. Confira, a seguir, alguns deles.

Principais desafios das PMEs brasileiras

O primeiro passo para fugir das estatísticas de fechamento de empresas no país é entender quais fatores contribuem para esse cenário e desafiam o empreendedor todos os dias. 

Conheça os principais desafios abaixo:

Falta de conhecimento técnico

Embora as taxas de empreendedorismo do país sejam altas, o empreendedor enfrenta dificuldades por falta de conhecimento técnico. 

De acordo com dados da BBX, que mentorou 120 empresas nos dois últimos anos, cerca de 92% dos empreendedores não sabem como elaborar, nem como cumprir um planejamento financeiro. Cerca de 80% deles não possuem plano de negócios e 60% dos empresários também não têm conhecimento sobre governança. 

Segundo o levantamento da BBX, esses problemas são mais graves nas pequenas e médias empresas. Como a maioria das PMEs nascem sem nenhuma estratégia, os empreendedores não têm conseguido traçar planos de desenvolvimento e expansão. Além disso, boa parte ainda confunde valores com planos de negócio e não contam com ferramentas de gestão financeira eficientes.

Por isso, além de buscar conhecimento sobre gestão de negócios, muitas vezes os empreendedores precisam de mentoria para alavancar seu negócio e aprender a administrar sua empresa.

Problemas de governança e compliance

Enquanto a governança se refere às ações que definem responsabilidades nos processos de tomadas de decisão da empresa, o compliance se refere às medidas adotadas para  identificar, evitar e corrigir irregularidades, fraudes e possíveis corrupções no negócio. 

Ou seja, governança e compliance andam juntas e são essenciais para garantir a integridade e eficiência da gestão das empresas. Apesar da importância desses tópicos, as pequenas e médias empresas ainda têm dificuldade de entender e aplicar esses conceitos diariamente. Na verdade, governança e compliance são muito associadas a grandes empresas. 

Porém, o ideal é que esses conceitos sejam aplicados a negócios de qualquer porte, especialmente aqueles que buscam consolidação e crescimento no mercado. Por isso, é fundamental que o gestor se dedique a criar ferramentas de compliance e melhorar suas habilidades de liderança e administração.

Contratação de linhas de crédito para empresas

Segundo o Ministério da Economia, a busca de micro e pequenos empreendedores por empréstimos aumentou 435% em 2021. Para auxiliá-los, o governo liberou uma linha de crédito de R$ 90 bilhões válida até o fim de 2022.

No entanto, quitar os valores dos empréstimos pode ser um desafio. Segundo outra pesquisa, desta vez da Serasa Experian, a inadimplência de empresas bateu recorde histórico. São 6,3 milhões de empresas com dívidas – a maioria é composta por PMEs, responsável por uma  fatia de 5,6 milhões.

Entre os setores analisados, o de serviços é o mais afetado: 53,3% destas empresas estão endividadas. Comércio e indústria surgem em seguida, representando 37,7% e 7,8% respectivamente.

Além disso, a dívida média por negócio é de R$ 16.771,80 e o número de credores por CNPJ costuma ser de 7,1. Segundo Cleber Gênero, vice-presidente de PMEs na Serasa Experian, empresas deste porte tendem a demorar mais para se recuperarem do vermelho – até mesmo em contextos de estabilidade econômica.

Vale ressaltar que o não pagamento das parcelas de uma linha de crédito faz com que os juros entrem em ação. Esse detalhe faz com que o valor cresça consideravelmente e venha a complicar ainda mais as finanças do negócio.

Por isso, o ideal é fazer um bom planejamento financeiro para usar da melhor forma possível o valor da linha de crédito. Além disso, deve-se avaliar cuidadosamente quais as garantias envolvidas, calcular o Custo Efetivo Total (CET) da operação e Retorno sobre Investimento (ROI) do negócio.

Recentemente, o Ministério da Economia anunciou o aumento do prazo das linhas de crédito para 72 meses. Antes da decisão, eram 48 – prorrogáveis por mais 12. Ou seja, é possível ter prestações mais leves e evitar a inadimplência.

Caso esteja desafiador arcar com as parcelas do empréstimo, é possível procurar a instituição financeira para renegociar a dívida. Isso ajuda a evitar que os valores em haver se tornem uma bola de neve e prejudiquem a saúde financeira do negócio.

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