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Startup cria teste para rastreamento de câncer do colo do útero
Startup cria teste para rastreamento de câncer do colo do útero
13/12/2023 13h38 Atualizada há 9 meses
Por: Redação
Teste para Rastreamento de Câncer / Imagem: Renato Araújo / Agência Brasília

Um projeto concebido por uma startup apoiada pelo programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), resultou na criação de um autocoletor de amostras do colo do útero capaz de identificar instantaneamente a presença de células cancerígenas no órgão.

O procedimento é semelhante aos testes rápidos de gravidez. Em caso de resultado negativo, a recomendação é que a mulher repita o teste um ano depois. Se o resultado for positivo, é aconselhável que ela entre em contato com um profissional especializado.

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Conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer do colo do útero é o terceiro tipo mais comum entre mulheres no Brasil, especialmente em regiões com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo. Com o acesso a esse teste, que funciona como uma forma de triagem, há a possibilidade de reduzir a incidência dessa doença, caso as mulheres em idade de rastreamento no país realizem avaliações periódicas das células. O teste atua como um método de triagem.

"Identificamos um marcador capaz de detectar lesões e pensamos que se pudéssemos proporcionar às mulheres a oportunidade de realizar sua própria coleta e teste, isso poderia melhorar significativamente o acesso. Desenvolvemos, então, um autocoletor de células do colo do útero que já possui patente, registro na Anvisa e está disponível no mercado. A mulher precisa apenas coletar, misturar o material em um líquido e encaminhar esse material ao laboratório para análise", esclareceu Caroline Brunetto de Farias, CEO da Ziel Biosciences.

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Startup

Conforme Caroline relata, a startup apoiada pela Pipe já estabeleceu parcerias com prefeituras. Agentes de saúde visitam as residências das mulheres para fornecer o autocoletor e encaminhá-lo ao laboratório. Esse serviço é especialmente benéfico para aquelas que não costumam frequentar as unidades básicas de saúde (UBS), vivem em áreas rurais, são ribeirinhas, enfrentam dificuldades financeiras para transporte, ou possuem outras limitações.

O teste ainda está em fase final de validação, com a previsão de submissão para registro na Anvisa no primeiro trimestre de 2024. O autocoletor e o teste podem ser adquiridos em conjunto ou separadamente, razão pela qual o autocoletor já está disponível.

"Estamos também desenvolvendo um aplicativo que permite tirar uma foto desse teste rápido e, com o auxílio do aplicativo, interpretar o resultado. Notamos que, por vezes, há insegurança, pois, assim como nos testes de gravidez, dois traços indicam resultado positivo e um traço, negativo. No entanto, às vezes, a linha pode ser tênue, e é nesse ponto que o aplicativo pode ajudar a compreender o tipo de lesão", afirmou Caroline.

Embora o conceito de autocoletor não seja novidade, a solução da startup, que incorpora o teste rápido, é única ao realizar a citologia líquida instantaneamente. "Não existe nenhum teste rápido para câncer do colo do útero no mundo. Essa é precisamente a proposta de nossa patente. Almejamos disponibilizar essa inovação tanto no Brasil quanto em outras regiões do mundo com realidades semelhantes às nossas."

Caroline destaca que ainda não há informações sobre o custo do produto e quando estará disponível nas farmácias. Além disso, o kit pode ser incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS), ampliando o acesso das mulheres ao exame, o que resultaria em uma redução na incidência de tumores e nos custos associados aos tratamentos, aliviando a carga do Estado.