Entre os dias 7 e 15 de dezembro, frequentadores de cinemas em 125 cidades brasileiras terão a oportunidade de assistir a um filme de 29 segundos com um alerta sobre os perigos do glaucoma, a principal causa de cegueira irreversível no mundo. A iniciativa é parte de uma campanha promovida pela Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), que busca ressaltar a importância de exames preventivos realizados por oftalmologistas.
O propósito da campanha nos cinemas é destacar as consequências de deixar a doença progredir. "Infelizmente, no caso do glaucoma, a perda de visão é definitiva. No ambiente cinematográfico, que é uma forma de arte tão apreciada por todos, onde vemos imagens extraordinárias, uma pessoa com visão comprometida não consegue desfrutar plenamente. Queremos impactar as pessoas. Cerca de 150 mil indivíduos serão alcançados por essa iniciativa, e o objetivo é informar sobre a existência dessa doença, incentivando as pessoas a procurarem o oftalmologista para iniciar o tratamento o mais cedo possível", afirmou o presidente da SBG, Roberto Galvão Filho.
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Apesar de ser a principal causa de cegueira, o glaucoma ainda é pouco conhecido por grande parte da população. Conforme uma pesquisa realizada por oftalmologistas associados à SBG, com 1.636 participantes, 90% desconheciam que apresentavam sinais de risco da doença. As estimativas da SBG indicam que 2,5 milhões de brasileiros convivem com o glaucoma.
Globalmente, estima-se que existam pelo menos 3,6 milhões de cegos e 4,1 milhões de pessoas com deficiência visual moderada a grave devido ao glaucoma. Prevê-se que, até 2040, o número de casos em todo o mundo atinja 114 milhões, afetando de 1% a 2% da população. Quando consideramos indivíduos com mais de 70 anos, esse percentual sobe para 6% a 7%.
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Dados apresentados no dossiê elaborado pela SBG revelam que, em 2022, foram realizadas 10.805.942 consultas oftalmológicas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o Brasil. Considerando que o SUS atende 76% da população (24% possui cobertura de planos de saúde), equivalente a cerca de 163 milhões de brasileiros, apenas aproximadamente 6,7% realizaram visitas anuais ao oftalmologista.
"Por isso, os casos no Brasil são frequentemente diagnosticados tardiamente. O glaucoma identificado em estágio avançado é mais desafiador e dispendioso de tratar. O custo de tratar um glaucoma avançado é quatro vezes maior do que o de tratar um estágio inicial. Além disso, os pacientes enfrentam mais dificuldades, pois os defeitos visuais são irreversíveis, o que resulta em mais acidentes de trânsito, quedas e custos adicionais para o estado", ressaltou Galvão.
O glaucoma, uma condição sem cura, pode ter seu avanço contido com diagnóstico precoce, tornando essencial a realização de consultas anuais ao oftalmologista. Esta doença afeta a visão periférica em direção ao centro do olho, dificultando a percepção do paciente, que muitas vezes só nota o problema quando cerca de 60% do nervo ótico já está comprometido. Segundo especialistas, os sintomas podem passar despercebidos, levando a situações como colisões em veículos, esbarrões e choques em objetos quando o campo visual periférico está prejudicado.
O glaucoma pode afetar pessoas de todas as idades e, geralmente, está relacionado ao aumento da pressão intraocular, uma condição que frequentemente não é percebida pelo paciente. O diagnóstico é desafiador, pois a doença não apresenta sintomas claros, mas sim sinais. O aumento da pressão intraocular é um dos primeiros indícios, assim como defeitos no nervo ótico e no fundo de olho, como aumento da escavação, sangramento e assimetrias de escavação, observados durante exames oftalmológicos. Ao identificar esses sinais, os médicos podem solicitar exames mais detalhados.
Embora o glaucoma não tenha um tratamento específico e definitivo, é possível controlar e estacionar a doença, minimizando a perda de campo visual. Além da pressão intraocular elevada, fatores de risco incluem diabetes, hipertensão arterial e miopia. Pessoas de ascendência negra também estão mais suscetíveis ao desenvolvimento do glaucoma. O presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), Roberto Galvão Filho, ressalta a importância de consultas anuais ao oftalmologista, especialmente para aqueles com fatores de risco.
É relevante destacar que todos os tratamentos para o glaucoma estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) para pacientes de todo o país, abrangendo desde colírios, fornecidos gratuitamente por alguns estados, até procedimentos a laser e cirurgias, conforme prescrição médica.